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5 de set. de 2013

Addicted ² - 38° Capítulo - The End


N/A: Capítulo especial, narrado pelo Arthur.
2 meses, já fazia 2 meses que Lua havia sofrido o acidente, que havia perdido o bebê, que estava internada. Em todos aqueles dias, todas as horas, minutos, segundos e milésimos eu me culpei. Devia ter lhe levado a sério, tentado arranjar um jeito mais fácil para o problema. Fui o canalha de sempre, talvez isso seja um castigo da vida. "Não se pode querer ficar com duas mulheres, seu estúpido! Provavelmente perdeu o amor da mulher da sua vida por uma incerteza idiota." Acho que se o destino fala-se, diria algo parecido com isto. "E o bebê de vocês? Foi culpa sua, você sabe que foi." Mas no lugar do destino, havia uma vozinha irritante na minha cabeça, a qualquer momento queria bater meu crânio contra a parede para que ela fosse embora, era isso que eu queria fazer, me ferir, por ser tão idiota e imbecil, tudo por "desejos carnais", Lua sempre fora uma mulher doce, gentil, gostosa e desde que a conheci de novo depois do meu acidente passado sentia certo desejo por ela, que só aumentou com o tempo, fui infiel, menti, para as duas. E o bebê? Era inocente, porém por minha culpa não pode nascer. "Por sua culpa ela não vai poder ter o filho ou filha de vocês, se sente feliz agora? Deveria, você fez isso tudo sabendo que poderia ter consequências graves, não é? Pense na criança, ela não vai poder ver os dedinhos pequenos se firmando ao dedo dela procurando algo para segurar, não vai sentir o cheiro muito menos o amor de mãe ao carregar a criança no colo. Quando acordar SE acordar, ela vai ser infeliz para o resto da vida. Está feliz agora, Arthur? Está feliz? Deve estar, deve estar muito orgulhoso. Dou meus parabéns, destruidor." Tentei ignorar aquela voz, que antes pensei ser o destino e depois o meu primeiro sintoma de ficar maluco, agora acho que é minha consciência. Por mais que eu odeie essa voz, concordo com tudo que ela diz, mas não me sinto orgulhoso ou feliz, queria poder voltar no tempo, com o carro do filme, ah sim, ao invés de pegar uma revista com respostas esportivas, avisaria o quão idiota estava sendo e o que aconteceria, teria certeza de que faria diferente. Reparei ao meu redor, mas não havia nada de mais, o mesmo de sempre, cadeiras vazias na sala de espera e minha agonia e culpa dominando o local. Não aguentava mais o clima de hospital, as paredes brancas, enfermeiras indo e voltando. Imaginei como Lua havia aguentado isso quando era eu que estava internado, eu a amava, mas entenderia perfeitamente se ela me odiasse depois de tudo. Também conversei com Pérola sobre tudo.


"-Pérola, me entenda, eu amo minha esposa, depois disso tudo não posso deixá-la, mas também não vou deixar você e esse filho. Só não peço que crie esperanças de voltarmos, porque não vai acontecer. Sei que deveria ter falado isso antes, muito antes disso acontecer, mas agora eu vi o que isso causou. Só... Me perdoe."

"-Fique forte, Arthur."

Era o que e mais tinha escutado, minha mãe voltou para cá, e além das broncas ela me deu muito apoio. De vez em quando eu trazia Diego para vir visitar a mãe, não queria mentir a ele, até porque o pirralho já estava crescido. Volta e meia um dos garotos ou o Maker passava lá com a Estrela, e parecia ser a única hora do dia que meu filho parecia realmente feliz, já que o resto do dia só ficava encarando a mãe, de certa forma eu também fazia isto.

"-Arthur... Filho, você tem que comer." Minha mãe sentou ao meu lado me oferecendo um pacote de amendoins, ouvi meu estômago protestar, é claro que eu estava com fome. A quanto tempo eu estava ali sem ir para casa? Até a madrugada de ontem, suspeito eu. "Desse jeito você vai acabar ficando doente, sabia? Vou comprar algo para você antes que desmaie." Minha mãe passou a mão em meus cabelos e saiu, me senti uma criança de novo. Inconsequente. Fui inconsequente e por isso tudo aconteceu, apesar de todos dizerem que não, a culpa é minha, sei disso. Tentei me lembrar de quando eu acordei depois de perder a memória, sempre quis me lembrar de tudo, antes do acidente, mas o máximo que chegava era sonhar com algumas coisas que eu nunca perguntava a Lua se eram memória ou minha imaginação. Mas o tempo que tiver com ela depois disso, tudo que nós passamos, disso eu lembrava cada detalhe, toque, cheiro, gosto... Emoção. Isso fazia eu me culpar mas ainda, me torturar, vivia me martirizando por isso. Micael sentou ao meu lado, ele se mostrou um amigo maior do que já era depois disso tudo me apoiando, mesmo depois de tantas idiotices. Fico imaginando como vai ser o bebê dele e de Sophia, ela garante que vai ser uma menina loirinha bem parecido com ela mas tão forte quanto pai... Como seria o meu filho ou filha com Lua? Um menino loiro de cachos com olhos castanhos, uma menina morena de cabelo curto e bonito parecida comigo... Gêmeos?
"-Para com isso." Ele me olhou sério, como nunca eu havia de ver Micael tão sério antes.
"-Parar com o que?" Ele continuou sério, era claro que eu sabia do que ele estava falando. "O que há, Mica? Não posso ao menos pensar? Ver o quão culpado fui?"
"-Não adianta ficar se culpando, Lua não gostaria que você fizesse isso." Torci a boca, não podia garantir que Lua não teria certo gosto de me ver arrependido, apesar de doce, ela era um ser humano, ver eu tomar uma decisão e ter certeza que nunca mais repetiria o que fiz antes seria agradável. "Você quer se culpar pelo acidente ou ficar feliz consigo mesmo pelos momentos que teve antes dele? Pare de por a tristeza e os momentos ruins em primeiro lugar, sabe por quê? Aquela garota ali, de cabelos cacheados que está desacordada pode ter tido momentos horríveis com você, mas os melhores momentos da vida dela foram com você, porque ela te ama. Olha não sou muito de acreditar em destino, mas você não acha incomum ela ter ficado grávida aos 16 anos de você, quando tudo se complicou você sofrer um acidente, depois se casarem... Você não pode ficar desse jeito." Deu um tapinha no meu ombro e se levantou, atrás dele foi Sophia. A barriga dela estava quase imperceptível  só um pouco elevada comparada ao quão magra Soph costuma ser, Micael deve saber como ninguém como eu me sinto, claro, ele não é idiota e ama Sophia, nunca fez nada que a magoasse. Se eu não estivesse em meu clima depressão com ódio do mundo, eu riria das  vezes que ele quer entupir ela de comida para "Comer por dois" ou quando ela protesta pelo seu regime, até mesmo pragueja que depois do parto vai ficar igual a uma baleia. Lua teve dois filho mas continuou com o corpo bonito. Diego estava sentado ao meu lado dormindo, eu tentei fazer ele ir para casa mas toda vez que tentava ele ficava desesperado e se agarrava a qualquer coisa para poder ficar, e só saía quando era realmente necessário depois de todos insistirem muito. Ele começou a se movimentar, colocou uma das mãos nas costas, deviam estar doloridas, as minhas ao menos estavam, muito.
"-Papai, eu vou ir ver a mamãe. Tem alguém lá?" Um coveiro que vai sugar minha alma, talvez, quem sabe? Acho que eu estou sendo muito dramático, quase um gay, desconfio que eu esteja entrando numa séria depressão, nada, digo N-A-D-A me faz sair dessa tristeza. 'Culpa, culpa, culpa.' Era só o que eu costumava pensar. 'Arrependimento, idiota, desfazer tudo, beber e fumar até desmaiar.' Não era algo que eu costumava me orgulhar, mas vodca e outras garrafas vem se mostrado amigas bem solidárias a mim. 'Lua...' Não me considero um viciado, mas a vida me pareceu bem menos cheia de porcarias quando eu estou bêbado, até mesmo o vomito parece sensacional e emocionante. Beber e fumar um bom charuto, a vida de Charlie Sheen deve ser boa, afinal.
"-Não, pode ir pirralho." Passei a mão pelos cabelos dele com um tom de implicância como se isso fosse me tornar um pai melhor, os últimos meses foram um desastre, eu não sou lá um grande pai, o único e mais alegre momento foi dançar bêbado na sala com uma das bonecas da Anelise. Depois disso eu bebi uma garrafa toda de vinho tinto, uns goles de tequila e vodca, umas misturas que eu coloquei com qualquer bebida boa que eu achasse e desmaiei no meu próprio vômito. Humilhante, eu sei. Agradeci eternamente por Mel e Camilla -uma das babás da Ane- terem me achado antes de qualquer um dos meus filhos, principalmente Diego, ele tem tentado fazer de tudo para que eu não fique tão triste, acho até mesmo que contaminei ele com minha tristeza. Sentimentos são contagiosos? Diego entrou dentro da sala, empurrando a porta, senti meu estômago dar sinal de vida roncando, então notei o quão faminto estava, uma fome duas vezes mais forte do que a de antes, se minha mãe não voltar logo eu posso comer o dedinho das minhas duas mãos, afinal, para que eles servem, não é mesmo? Puff, meu censo de humor está tão péssimo que nem humor negro comigo mesmo ajuda. Minha mãe voltou com outro pacote de amendoins e alguns sanduíches. Desembrulhei ambos do papel e comi como se tivesse sido condenado a pena de morte e essa fosse minha última refeição. Cara... Se eu continuar tão depressivo posso escrever um livro ou uma dessas histórias da internet melodramáticas para adolescentes românticas, ou não.

"-Filho... Acho que é melhor você ir para casa, tomar um banho, trocar de roupa, dormir um pouco. Olha só essas olheiras, estão enormes, profundas e negras. Sei que não é o momento mas você está começando a feder, sua barba está crescendo e se eu não fosse sua mãe e te encontrasse na rua daria 5 dólares para você como esmola."
"-Obrigado pelo otimismo mãe." Revirei os olhos e ela me abraçou, carinho de mãe, é, talvez seja uma boa opção. "Sua proposta parece tentadora, mas... Não são tempos de dormir, mãe."
"-Eu li em um artigo que muito tempo sem dormir pode matar."
"-Eu também, 2 semanas sem dormir, mãe. 2 semanas." Ela deu de ombros e continuou a acariciar minha cabeça. "Como era?"
"-O que?"
"-Quando eu estava internado, como era? Como Lua ficava aqui?" Ela deu um sorriso, aqueles que ela costumava dar sempre que via eu e dizia o quanto éramos 'Apaixonados'.
"-Era tão teimosa quanto você, vivia querendo ficar perto, sem se afastar muito, como se alguém fosse entrar no quarto e te sequestrar..." Ela deu um riso baixo, e eu dei um sorriso forçado, aposto que se estivesse bêbado ele seria muito mais convincente. "Ela te ama, filho..." Fui respondê-la, mas antes mesmo disso Diego saiu da sala animado.
"-PAPAI! VOVÓ! A MAMÃE ACORDOU, ELA ACORDOU!" Sobressaltei prestando atenção em meu filho.
"-Diego, tem certeza disto?"
"-SIM, ELA ME PERGUNTOU ONDE ESTAVA!" Ele vibrava de alegria como nunca em meses, e eu também me senti assim, minha mãe pareceu feliz, mas nem tanto. Ou é só impressão de minuto? Levantei dali com rapidez, e pude ouvir a voz da minha mãe, um pouco apagada pelo meu êxtase.
"-ARTHUR, EU PRECISO FALAR COM VOCÊ, FILHO. O MÉDICO DISSE QUE HAVERIA POSSIBILIDADE DE..." Mal pude ouvir o resto da frase, nem dei muita atenção também, estava dentro do quarto, era verdade. Ela estava ali, acordada, com um anjo. Temi que ela me ofendesse, mas seus grandes e belos olhos castanhos olharam para mim e neles eu não vi desprezo.
"-Eu estou em um hospital?" Ela olhou ao redor, mas não consegui responder, estava imóvel, poderia dizer várias coisas sobre isto; Como quando a Branca de Neve ou a Bela Adormecida apagaram por causa de umas bruxas bobonas, mas nesse momento ela parecia mais um anjo. Diego foi ao lado dela segurando sua mão, sua atenção foi desviada para ele, e agradeci mentalmente, o olhar profundo estava me hipnotizando e eu não sabia o que fazer. Ela acariciou os cabelos dele e sorriu, logo depois voltou ao olhar para mim. Depois do que ela disse, foi como se o mundo tivesse congelado, se alguém estivesse vendo isto em uma peça teatral sonoros "-O que? Como?" Seriam emitidos  Me fez sair do encantado e cair na realidade, era isso que minha mãe deveria estar se referindo...
"-Que menino lindo! É uma graça, parece muito com você. É seu filho?"

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